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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sobre gripe e outras enfermidades


Sou uma eterna insatisfeita e agora, apesar do desejado, encontro-me na cama em uma de minhas piores gripes(por moda, a suína). Desejei ficar alguns dias em casa , mas agora sei que o melhor mesmo é esse estado nas férias. Quando tudo dói e não dá vontade de fazer nada é o quanto passo a maldizer o que desejei. Além disso, começo a pensar em outros significados que essa crise provoca em meu corpo , sem dúvida, uma delas é estar parecida a uma porca ( no que se refere ao quesito gordura, é claro!). Não tenho tido outra atividade a fazer senão ver filmes ( o que não é uma má coisa), mas não é com a mesma atenção e prazer de sempre; pois, canso-me a todo momento e durmo por causa da febre e dos remédios. Retornando ao começo, estou farta do in, quando retornarei ao satisfeita?

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dose estomacal



Que agradável surpresa assistir Estômago ! É um filme brasileiro de excelente qualidade e com uma história bem construída e gostosa de assistir. É bom ver que a qualidade do cinema brasileiro melhora a olhos vistos. Unir a fome com a vontade de comer é realmente um grande achado. O diretor foi feliz ao tratar sensivelmente de dois aspectos bem primitivos do homem: o comer e a inveja. Merece ser visto pelos meus amigos.




sexta-feira, 17 de abril de 2009




Limite

Como reconhecer os vários limites que nos propõe Mario Peixoto em seu filme intitulado Limite?
A narrativa filmica é mostrada através de flasback, fazendo com que o espectador monte as várias histórias de maneira singular, como um mosaico de significados. Por ser uma narrativa bastante metafórica, construímos o texto ficcional como se fôssemos levados pelo movimento do balanço da água (ir e vir). A água é o elemento que aglutina as várias emoções vividas por seus protagonistas; ora ela é turbulenta, ora tranqüila, ora lamacenta, tão qual a vida.
A primeira história mostrada é a de uma mulher que desiludida com a condição a qual está submetida parte em direção a outro destino. A segunda história é a de outra mulher que diante de uma situação amorosa frustrante resolve se matar e finalmente, a terceira, é a história de um homem que viveu uma situação amorosa adúltera e diante da morte da amada, sente-se desamparado e perdido. Estas histórias se entrelaçam em um barco em direção ao nada. Todos, em situação limite de desespero, lançam-se a sua própria sorte. Como são prisioneiros de si mesmos, na trajetória marítima, não conseguem amparar-se, pois, cada um a sua maneira, despede-se de viver. Nota-se claramente essa situação em uma cena em que uma jovem toca o homem em seu ombro e este, imediatamente, a rejeita.
Mario Peixoto através de seu filme toca em temáticas bastante complexas e difíceis como a renúncia à vida ou talvez, o suicídio. Ao não agüentar a angústia de viver, os protagonistas diante de seu desespero vão se despedindo da vida. A trajetória é marcada pela dor e para que essa dor pudesse ser plasmada, Mario utiliza de recursos estéticos que promovem a atmosfera de sofrimento. Um dos recursos utilizados é o de capturar da natureza elementos sensoriais como, exemplo, o vento, para que possam reproduzir, em certa medida, a turbulência interior em que vivem os personagens.
Mario Peixoto avança em seu tempo com Limite não só por criar uma estrutura fílmica com recursos bastante inovadores para a sua época, mas também por desvelar assuntos polêmicos como o lugar da mulher na década de 30, os conflitos amorosos do homem,a angústia de viver. As mulheres retratadas por Mario são ambíguas: ora são audazes, ora são as que eternas culpadas pela desgraça do homem. Porém, o protagonista homem é também frágil. Com essa atitude de mostrar o comportamento humano diante do sofrimento, ele nos propõe a olhar a realidade sem estigmas, acentuando que os sentimentos humanos não tem gênero, que como seres humanos somos frágeis diante da vida. A trajetória exposta ou vivida por seus personagens expõe uma esfera do humano que está presente em todo o mundo. Os sentimentos são humanos, demasiadamente humanos.
A angústia vivida por seus personagens pulsa no ritmo do filme. Nada está demais. Tudo é meticulosamente calculado nas câmeras vertiginosas que apontam o desespero e que casa perfeitamente com a turbulência das águas. Como acentua Plínio Sussekind e Otávio de Faria ”Limite é um filme de construção precisa, de cadência lenta, montagem perfeita de imagens, por si muito belas, mas também altamente significativas e organizadas em função de um princípio claro.” Esse princípio, ao qual os autores se referem, faz com que o filme transcenda a cultura e acesse os signos da universalidade.
Octavio de Faria diz que o filme não pretende ser brasileiro, mas universal. Não estou totalmente de acordo com essa posição; e assim como Plínio Sussekind e Otávio, acredito que ele é um filme fundamentalmente brasileiro. Embora a temática seja universal, reconhecemos o Brasil na composição dos cenários e na paisagem. Talvez, o que o filme nos revele é que essa paisagem tropical pode ser vista de maneira sofisticada. A decadência pode ser bonita, a fragilidade pode ser imponente. Noto que o que o filme faz é nos capturar para um novo olhar diante do já conhecido. Reconhecemos quais os caminhos que nossos olhos trafegam, mas através das imagens nos deparamos com uma visão quase infantil, não contaminada e extremamente sensorial da vegetação brasileira. Apesar de ser o filme silencioso, as imagens falam a borbotões. Sentimos a brisa da palmeira, o lodo das águas, a poeira das estradas nos pés. Reconhecemos os espaços como parte de nossa realidade; porém a descobrimos de maneira poética.
Glauber Rocha ao analisar Limite o caracteriza como um filme que está impregnado de ritmo e poesia. Concordo com a sua posição, pois o que está deflagrado com rara beleza é o ritmo da narrativa. A câmera sensorial que permeia a narrativa, indicando por quais caminhos os nossos olhares devem trafegar, também indicam que há um espaço que é incapturável e, sobre o qual, não podemos decodificar da mesma maneira. Esse espaço é o que faz com que o filme se contemporanize a cada leitura e que crie em cada espectador um sentido diferente.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009


Que bom começar o ano revendo um filme e deparar-se com a beleza e a intensidade dele. Foi isso que ocorreu comigo ao ver “Ensina-me a viver”. Como o próprio nome diz é uma lição e um encorajamento à vida. É interessante pensar que um filme da década de 70 se atualiza constantemente por tratar de temas universais, como a vida e a morte, que nunca estão “fora de moda”. Talvez este filme seja, junto ao filme Pontes sobre Madison, uma das mais bonitas histórias de amor. É tão difícil pensar em um amor entre uma mulher de 80 e um jovem de uns 18... Me fez pensar que na maioria das vezes estamos vendo só o que é aparente e não o que é de fato. Viver independe da idade e amar também. Assistam ao filme. Vale a pena.