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domingo, 16 de janeiro de 2011

Auto-estima ou estima coletiva?


Como ajudar a melhorar a auto-estima de alguém que amamos muito? De que maneira podemos realmente ajudar a alguém que adoece emocionalmente? Para tentar responder a essas perguntas, deparei-me com um ritual antigo que pode ser uma possível resposta que produzirá um efeito positivo para o indivíduo.
Em uma antiga cerimônia do “bilo”, em Madagascar, o paciente enfermo vem trazido pelo curador local para um rito coletivo, no qual a sua família se torna a corte real e todos os habitantes do vilarejo são seus súditos. Por duas semanas, o paciente é tratado com reverência, respeito e admiração. Ele é festejado através de danças e cantos. Essas ações produzem um efeito curativo.
Pensando nisso, fico indagando que talvez o que falte ao individuo que sofre emocionalmente é um certo reconhecimento de sua pessoa. Vivemos hoje tão individualistas que nos esquecemos de dizer ao outro o quanto é importante, fazê-lo saber do seu valor, agradecer a sua ajuda.
Uma das célebres frases para uma pessoa que está com uma baixa auto-estima é que é preciso amar a si mesmo primeiro. Aprendemos e a absorvemos sem questioná-la; entretanto, será que ela é totalmente verdadeira visto que estamos inseridos em uma sociedade cujas partes do ser é construído pelo outro? Será que não é hora da comunidade dar ao individuo o seu valor para que ele possa restaurar a confiança e o amor em si mesmo? Somos parte de um todo e não um todo sozinho. Às vezes, uma dose de adulação social, de inserção em algum grupo pode produzir maravilhas. Pensemos nisto!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Tempos de Úrsula


Em um de meus livros favoritos “ Cem anos de solidão” de Gabriel Garcia Márquez há uma personagem que sempre me intriga. Repetidas vezes, ela vem a minha cabeça recordar-me de que toda pessoa tem que defender a sua vida e dignidade. Úrsula Buendía, a matriarca da família, passa por um período terrível em que as crianças da família fazem todo tipo de brincadeiras de mal gosto com ela. Como se estivesse adormecida, a personagem aceita todos os maus tratos, até que um dia , ela se levanta e retoma à sua vida. Essa revirada é sensacional! O levantar para a vida e o revide dela são as lembranças mais adoráveis que tenho do livro.
Percebo que em nossas vidas há vários momentos em que nos deixamos levar pelos outros e que acabamos por nos maltratamos sem perceber. Esses momentos geralmente são quando estamos fragilizados ou em processos de mudanças e aí, ao contrário de encontrarmos amparos, deparamo-nos com chicotadas. E o pior de tudo, o tempo que demoramos para recuperar a nossa dignidade pode ser longo e aí... a vida passou.
A trajetória de Úrsula nos levanta algumas questões: onde será que se deu o basta da personagem? Onde recuperou a sua força? Qual a hora do verdadeiro renascimento? Estas perguntas são de complicadas respostas, pois dependem do tempo interior de cada um e desse tempo sempre há algo que nos escapa. Porém, o que Úrsula me ensinou é que apesar da idade é sempre hora de tomar a própria vida pelas mãos e se apoderar dela.