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terça-feira, 8 de julho de 2008

Trocando miúdos


No fundo, a fossa

No meio, a troça

No alto, a bossa

No canto, a palhoça.


No jeito, desespero

No méu pé, o mundo inteiro.

No almoço, abacateiro.

No jantar, só fevereiro.


Na farra, o fim.

Na peça, o sim.

Na chuva, festim.

Na memória, o clarín.


No passo, o tempo

No tempo, o vento

No ar, o pensamento:

Há saídas para tudo e uma falta de jeito.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Localização: visão local


Entre os muitos sinônimos da palavra localizar (= posicionar, colocar, situar, achar, encontrar) ando pensando no de situar e posicionar. Venho buscando a minha localização no mundo e tentando me situar e posicionar-me nele. Começo a empreender uma caminhada por minha volta a Belo Horizonte a partir dos meus 12 anos.
Ainda que o tempo de convivência com a cidade já tenha se dado há anos, agora começo a compreender como foi difícil localizar-me aqui. Com essa idade, comecei a viver longe de meus pais e vinda de outra cidade, uma bastante pequena do interior de Minas Gerais, trouxe em minha bagagem uma série de hábitos e costumes que permanecem até hoje incrustados no chão da minha vida. Como era muito pequena, chegar a Belo Horizonte não era só uma amplidão no meu olhar, mas sim adequar todo um canto pequeno em uma rua larga. Lá, eu tinha nome, parentes, quarto, coração; aqui em contrapartida, solidão, parentes, silêncio. Sofri sem me dar conta. Passei por ele, sobrevivi.
O tempo foi passando e a cidade mostrava-se com outros aspectos: curvas, quarteirões, pessoas. Sentia-me quase em casa. Entretanto, percebo hoje que o espaço local não ressoava no espaço interior. Havia duas linguagens, tons desconexos, informação demais. Continuei nesse ritmo sem ver que o choque de “localizações” não era só uma impressão. O grande e o pequeno faziam de mim uma nova Alice ,quando no País das Maravilhas come o cogumelo e ora se agiganta, ora se torna miniatura. E essa sanfona de percepções me deu em alguns momentos o sentimento de ser guache na vida.
De alguma maneira, o olhar enviesado me trouxe benefícios, mas nesse momento, sinto que também produziu muitas estórias tristes e que pena, ressentimentos. O fora e o dentro continuam descompassados, contudo vislumbro um atalho que aponta para uma união. É a posição. Noto que mais que um situar-me no espaço, busco o ser em mim.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Vértices e vômitos


Gire uma ponta que certamente me encontro em outra. Um nó e o achado. É aborrecido ficar assim as vésperas de completar um ano mais. Sempre esperei que a passagem do tempo fosse me trazer mais paz interior; porém, o que vejo é um turbilhão de caminhos ( e a ausência de atalhos ou a presença de um rumo). Encontro-me chateada com o mundo ! Todos querem ser escutados, entendidos, amados, mas , quando se trata do outro, nada de ouvidos, vozes, carinhos. Cada um vive seu ritmo e se dizem amigos quando querem se sentir amados. Estou cansada de me dar. A verdade é que a vida é realmente subjetiva e aí: sobreviva quem puder! E o verme passeia na lua cheia...

sábado, 22 de março de 2008

Abarcar o mundo inteiro



Noite alta. Vou e volto. Faz calor. Suo. Vou à janela. Lá fora, lua alta. Gente. Barulho de carro. Tosse no quarto. Ranger de móveis. Música alta. Sussurros. Ruído de pensamento. Janela fechada, boca aberta. Olho pra fora. Ranjo os dentes. Nada em mim, tudo tão desigual. Trabalho inacabado. Falta de inspiração. Chiado lento. Resolvo voltar a trabalhar. Meu ofício: sonhar. Fecho os olhos. Encontro o lugar. Certo lugar. Nada mais que uma rede, um abacateiro e um abacate inteiro.

quarta-feira, 12 de março de 2008


Estou com muitos guardados. Busco desesperadamente os achados.

terça-feira, 4 de março de 2008

Fazendo as pazes com Poliana


Onde andará Poliana em mim? Como a vejo hoje? SOS procura-se...
Para que eu possa ser clara, estou referindo-me a uma personagem de um livro intitulado Poliana. Procuro a menina, não a moça; porque havia dois livros. O que li era o primeiro.
Esta personagem, em meio a inúmeras dificuldades vividas sempre queria jogar o jogo do contente. Este jogo lhe possibilitava suportar o “perigoso do viver”. Tal como Poliana, eu aos 14 anos, também jogava o jogo do contente. Como toda adolescente, enfrentava a dificuldade de crescer e por isso, me sentia triste muitas vezes. Porém, não queria que o triste habitasse em mim e diariamente escrevia sobre o jogo. Não o jogava com as pessoas, mas intimamente sim. Como um vício, permaneci com o jogo por muito tempo. Não percebia que o brincar de contente me fazia construir uma nova realidade diferente da que vivia e só me dei conta disso, quando estava na Faculdade. Daí, comecei a tomar birra de todas as pessoas que me pareciam polianescas. Ver a vida cor-de-rosa quando na verdade ela se aparentava cinza? Tornei-me excessivamente crítica e por muitas vezes, mais próxima do fel que do mel.
Hoje, depois de assistir mais de uma vez o filme “Quem somos nós?” e pensar sobre as idéias divulgadas nele, entro em contato com o meu antigo jeito Poliana de ser. Tenho uma leitura diferente daquela de jogar o Jogo do Contente, porém percebo que o jogo não é mais que pensar positivamente. Devemos enfatizar não o negativo, mas sim valorizar o que podemos transformar da melhor forma possível.
Por isso, busco um diálogo com a Poliana em mim. E nesta procura descubro que uma das minhas aversões às pessoas polianescas não é pelo fato de jogar o jogo do contente hipocritamente, mas porque elas se parecem as bonecas GUI-GUI e estas sim, são insuportáveis!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

( ........................


Certa vez li um artigo em que o autor ( que agora não me lembro o nome) discorria sobre o escrever entre parênteses.Ele se considerava um usuário dessa maneira de escrever e enumerava uma porção de nuances que agora não me recordo ( mas que eram interessantes, ainda que não lembradas). Neste momento, me surpreendo pensando no mesmo tema. Também tenho tido uma necessidade enorme de dizer as coisas, ou melhor, escrever as idéias entre parênteses. Acredito que esta forma me faz sentir que estou falando no “reservado” (lembram-se dos antigos bares que sempre tinham um reservado? Até ouço aquelas musiquinhas francesas junto.) e esta atitude, me faz mais íntima do outro que me lê e de mim mesma ( ainda que não saiba exatamente quem é essa mim mesma). Ao mesmo tempo, parece ser uma captura do pensamento ( porque penso várias coisas ao mesmo tempo. Viajandona, não?) que, casualmente, estava passando. Este intruso viajante proporciona aos meus outros pensamentos, várias redes e aí a realidade começa parecer de verdade. Posso ser entre parênteses e este ato parece inaugurar uma outra linguagem e outro código que me faz feliz Tipo papo-cabeça, conversa jogada fora (coisas que gosto muito). Como uma conversa puxa a outra e sempre tem algo no meio aqui introduzo o meu amigo para continuar pensando ( e sem fechar...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

FUGA DO PENSATEMPO



Que foi feito do sonho não sonhado?
Que foi feito do sonho acordado?
Que página levou o vento?
Que coisa fugiu do tempo nas asas do pensamento?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ai que sodade d ocês

Tava eu com uma saudade retada de meus amigos ( principalmente os desaparecidos) quando recebi um e-mail de uma grande amiga. Acho que o autor do texto exemplifica bem o que tava sentino. E aí vai:

"Declaração para os meus amigos (de forma bem mineira )
Ces são o colírio do meu ôiu.
São o chiclete garrado na minha carça dins.
São a maionese do meu pão.
São o cisco no meu ôiu (o ôtro oiu - eu tenho dois).
O limão da minha caipirinha.
O rechei do meu biscoito.
A masstumate do meu macarrão.
A pincumel do meu buteco.
Nossinhora! Gosto dimais da conta docêis, uai.
Ces são tamém:O videperfume da minha pintiadêra.
O dentifriço da minha iscovdidente.
Óiproceisvê,Quem tem amigos assim, tem um tisôru!
Eu guárdêsse tisouro, com todo carinho , Do Lado Esquerdupeito !!!Dentro do Meu Coração!!!AMOOCÊIS PADANÁ!!!"

Ai que sodade docês

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Decifra-me e te devoro

Não posso afirmar, porém, o que percebo é a que a maioria dos homens gostam de mensagens pequenas. Por que será?
1. Preguiça de ler ou ouvir?
2.Dificuldade ou facilidade de pensar?
3. Gosto ou aversão ao mistério?
4. Nada disso.
5...................
Ò céus! 'O vida!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Transitando em São Paulo


Amo

e transito

entre

arcos, espelhos e trapézios.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Império dos Sonhos


Império dos Sonhos é o filme de David Lynch que está em cartaz nos cinemas. Por ser um diretor que gosto muito, fui ao cinema esperando ver mais uma obra-prima. Entretanto, o que assisti não me agradou tanto. Vi-me imersa em uma mistura de filmes de terror e suspense, tipo Jogos Mortais. Não foi o império dos sonhos que imperou, mas sim dos pesadelos. Talvez tenha sido essa a intenção do diretor! É um filme extremamente fragmentado, com cenas bizarras e principalmente, muito longas (o que o torna cansativo demais). É lógico que o filme não é de todo ruim, pois, possui boas músicas, uma iluminação que dá o tom da incompreensibilidade dos acontecimentos, a atuação da atriz principal e o jogo de focar e desfocar imagens e principalmente, o fato de levar para as telas a articulação “esquisita” dos sonhos.
Saí do filme com a impressão de que era uma “viagem psicodélica” do diretor e ao mesmo tempo, tentava juntar o quebra-cabeça das cenas para dar sentido a ele. Tive várias idéias que iam e vinham de acordo com a narrativa e o associei a um filme do mesmo diretor chamado Cidade dos Sonhos (há semelhanças entre eles, o que me dá a sensação de que a idéia de Cidade dos Sonhos foi retrabalhada em Império dos Sonhos).
A semelhança com o processo onírico é percebida pela falta de linearidade, condensação e deslocamentos das cenas, a confusão de sentidos, a aparente incompreensibilidade resultante da edição das cenas; o que faz com que fiquemos atentos para a construção dos sentidos. Temos que deitar no divã para analisá-lo e tentar interpretar o conteúdo manifesto e o latente. Do manifesto, são considero evidentes:
- a crítica a Hollywood,
- a ironia do nome dado ao filme e o conteúdo do mesmo.
Do conteúdo latente, poderíamos tentar desvelar algumas significações:
- É um filme que retrata a perda (no filme a perda do filho) e como são as reações diante desse fato com as possíveis negações da realidade vivida.
- Os limites que separam ficção e realidade são muito tênues, o que coloca os acontecimentos oníricos e reais pertencentes a uma mesma realidade: a subjetiva.
- A culpa desencadeada pelo desejo satisfeito cria outros mundos ou submundos.
Bom, estas são algumas de minhas elucubrações. Parto de vários lugares para interpretar o filme, o que pode produzir várias estórias. Descaquei somente algumas camadas da cebola.
Quem quiser dar uma olhadinha no triller para se ter uma idéia do que poderá ver, consulte o youtube em http://www.youtube.com/watch?v=SVPnqoOyIWw.
Finalizo recordando uma célebre frase: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.”

domingo, 6 de janeiro de 2008



Os dias de chuva me fazem pensar.
Passam, passeam, me pasmam.
Pesco o que não posso possuí-lo.
Perdida preciso passear, porém não passo do portão.
Prisioneira purgo os pecados
Pensando paralisada na procissão que no passado
Promovia prontidão, postergação e paixão.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

http://www.clubcultura.com/clubhumor/maitena/dibujos16.htm
Regime: rege sobre mim

Sempre tive horror a regime. Primeiro, porque adoro comer e segundo, porque fico infeliz e a minha rebeldia, na maioria das vezes, me faz boicotá-lo. Pois é, comecei a fazer um extremamente rígido por uma necessidade: casamento próximo para ir e gordurinhas soltando a todo vapor. O caso é que depois de me deliciar de iguarias natalinas a balança pesou e agora, cá estou eu seguindo um “receituário” que me promete que dentro de sete dias perderei sete quilos. Como sei, e a fala popular afirma, que o número sete é sinal de mentira é aí que vou pagar para ver. Terei ao final dessa trajetória duas possibilidades:
1) Poderei confirmar a hipótese de impossibilidade do prometido,ou seja, que perder tantos quilos em tão pouco tempo (como o previsto) é uma inverdade.
OU
2) Poderei dirigir-me a minha insignificância quanto as minhas crenças e me tornarei, quem sabe, confirmação de um trabalho científico ou aquela coisa tipo: era assim, fiquei assim.
Qualquer uma das possibilidades não me retira dessa louca vontade de comer; principalmente, os meus queridos pãezinhos, queijos, doces, etc. Socorro! Não estou sentindo nada... Pelo menos, continuo de bom humor (acho porque é o segundo dia!)
Agora paira uma pergunta: Se este ser tornar-se esquálida, patética, tábua será feliz ou alcançara a felicidade prometida?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Estas considerações são para o meu amado que não me deixa esquecer o que é ser companheiro. Te amo.

"A deusa Mnemósine, personificação da "Memória" , irmã de Cronos e Oceanos, é a mãe das Musas. Ela é omnisciente: segundo Hesíodo (Teogonia, 32, 38), ela sabe " tudo aquilo que foi, tudo aquilo que é, tudo aquilo que será." Quando possuído pelas Musas, o poeta inspira-se directamente na ciência de Mnemósine, isto é, no seu conhecimento das "origens", dos "primórdios", das genealogias. " "Com efeito, as Musas cantam - ex arkes - (Teogonia, 45, 115) - o aparecimento do mundo, a génese dos deuses, o nascimento da humanidade. O passado assim desvendado é mais que o antecedente do presente: é a sua fonte. Recuando até ele, a rememoração procura, não situar os acontecimentos num quadro temporal, mas atingir o fundo do ser, descobrir o original, a realidade primordial de onde proveio e que permite compreender o devir no seu conjunto."
Mircea Eliade

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Prá os emburrados: PUM!

Emburrar v.t. Tornar estúpido; embrutecer. V.Intr.: 1. Parar, empacar. 2. Amuar(-se), zangar(-se); empacar, embezerrar.


Esta definição é algo que tenho pensado nos últimos dias e posso afirmar: `0 coisa chata! Os emburrados tem a "delicadeza" de espalhar todo o seu "bom humor" sobre todos e impõem aos mesmos que se deliciem com tamanha virtude, sempre querendo colocar tudo prá baixo. Então, em homenagem a estes tipos adoráveis decreto: Morte aos emburrados! Que todos ao se depararem com esses seres tenham incensos, chicotes e principalmente uma mágica para expulsá-los do recinto em que se encontrem. Não podemos nos deixar ser assaltados pelo que está azedo.

Neste ano que está iniciando, o ano do rato, do reinício, que comecemos uma caça a esses narcísicos empacadores, crianças mimadas, oferecendo-lhes em primeiro lugar, mamadeira, chupeta e espelho para que possam se ver e um manual de gentilezas.

E para finalizar, deixo uma charge do Quino para exemplificar como é que eu vejo esses adoráveis seres.