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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Mini-contos


Gosto das coisas que são sintéticas embora me considere uma tagarela. Em busca dos dizeres em poucas palavras, me apaixonei pelos contos pequenos. E deixo a quem quiser ler, alguns deles.


1258 horas

Conto os minutos, dias, meses, anos... Tenho a nítida impressão que contá-los é fazê-los outros e assim me torno outra também. Dia após dia, 1000, 1001, 1002... São vivências infinitas. São estórias que deixei de contar ou não ousei. Conto, re-conto, encontro, canto e encanto, mas, só não consigo capturar o tempo.

O duplo: a dupla

Ela estava sempre entre o mínimo e o máximo. Falava sem parar e fazia longos períodos de silêncio. Usava um batom vermelho, ao mesmo tempo, vestia um velho pijama. Confundia-se entre o discreto e o extravagante. Ria de si mesma. Queria encobrir o que estava escandalosamente escancarado: a duplicidade do uno.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Odeio natal

(Quando não se sabe o que dizer, coloque paisagem.)

Ultimamente tenho pensado na força e fraqueza das palavras. Força por aglutinar uma série de significados e fraqueza pelo que não podemos exprimir. Nessa tensão entre o que se excede e o que não se inscreve é que me encontro. E aí digo: detesto natal! Sempre me coloco irritada com esta época do ano sem encontrar palavras que pudessem fazer com que eu entendesse o porque de tal expressão. Há algo que as celebrações suscitam que não é da ordem do bom, mas sim do que não pode ser bom. Talvez esta época se manifeste o que de real há em cada um; ou seja, as pessoas se atropelam como fazem rotineiramente, também se maquiam, se travestem, se...
( as reticências contem tudo). Gosto do indizível porque nos coloca mais perto dos ideais e adoro o dizível porque cria realidades.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Em trânsito


Em trânsito, nossa condição humana por excelência. Um sem lugar na memória, nas relações, na velocidade do pensamento. Eternamente em trânsito e cambiantes.

Estar em trânsito,apesar de inquietante, é uma condição interessante de se viver. Quando estamos hipnotizados por um filme, uma música, uma idéia, saímos do que chamamos de identidade e aí nos encontramos... em trânsito.

Vivemos apegando-nos a idéia de estabilidade, segurança quando o que temos na verdade, é a fragilidade do momento e este, por transitório, nos remete a uma condição diferente da que pensamos estar.

Estar em trânsito também é permitir olhar com olhos emprestados, comer cultura, chover no molhado, fingir ser.( Soluções necessárias nos dias de hoje)

O trânsito muitas vezes, se encontra engarrafado por rotinas, pareceres cristalizados, leis morais, verdades absolutas, velhices infinitas. Porém, em algum momento, a pista da vida pode ser aberta e de repente, começamos a perceber o que é estar em trânsito.Não tem forma ou regra, é particular e parti-cu-lar.