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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Império dos Sonhos


Império dos Sonhos é o filme de David Lynch que está em cartaz nos cinemas. Por ser um diretor que gosto muito, fui ao cinema esperando ver mais uma obra-prima. Entretanto, o que assisti não me agradou tanto. Vi-me imersa em uma mistura de filmes de terror e suspense, tipo Jogos Mortais. Não foi o império dos sonhos que imperou, mas sim dos pesadelos. Talvez tenha sido essa a intenção do diretor! É um filme extremamente fragmentado, com cenas bizarras e principalmente, muito longas (o que o torna cansativo demais). É lógico que o filme não é de todo ruim, pois, possui boas músicas, uma iluminação que dá o tom da incompreensibilidade dos acontecimentos, a atuação da atriz principal e o jogo de focar e desfocar imagens e principalmente, o fato de levar para as telas a articulação “esquisita” dos sonhos.
Saí do filme com a impressão de que era uma “viagem psicodélica” do diretor e ao mesmo tempo, tentava juntar o quebra-cabeça das cenas para dar sentido a ele. Tive várias idéias que iam e vinham de acordo com a narrativa e o associei a um filme do mesmo diretor chamado Cidade dos Sonhos (há semelhanças entre eles, o que me dá a sensação de que a idéia de Cidade dos Sonhos foi retrabalhada em Império dos Sonhos).
A semelhança com o processo onírico é percebida pela falta de linearidade, condensação e deslocamentos das cenas, a confusão de sentidos, a aparente incompreensibilidade resultante da edição das cenas; o que faz com que fiquemos atentos para a construção dos sentidos. Temos que deitar no divã para analisá-lo e tentar interpretar o conteúdo manifesto e o latente. Do manifesto, são considero evidentes:
- a crítica a Hollywood,
- a ironia do nome dado ao filme e o conteúdo do mesmo.
Do conteúdo latente, poderíamos tentar desvelar algumas significações:
- É um filme que retrata a perda (no filme a perda do filho) e como são as reações diante desse fato com as possíveis negações da realidade vivida.
- Os limites que separam ficção e realidade são muito tênues, o que coloca os acontecimentos oníricos e reais pertencentes a uma mesma realidade: a subjetiva.
- A culpa desencadeada pelo desejo satisfeito cria outros mundos ou submundos.
Bom, estas são algumas de minhas elucubrações. Parto de vários lugares para interpretar o filme, o que pode produzir várias estórias. Descaquei somente algumas camadas da cebola.
Quem quiser dar uma olhadinha no triller para se ter uma idéia do que poderá ver, consulte o youtube em http://www.youtube.com/watch?v=SVPnqoOyIWw.
Finalizo recordando uma célebre frase: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.”

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